Eis que, muitos anos depois, acha a neta a tal caixinhas com todas as chaves descartadas por toda uma vida e nunca mais utilizadas já que - haja paciência! - melhor comprar cadeados novos.
Pois paciência é que não falta a criança sem ocupação.Pega a menina a tal caixa e se vai a desvendar tesouros: finalmente abrir a janela trancada em definitivo antes de instalar a tela para que o gato não saltasse, ler o diário dos primeiros amores da idosa, rever o álbum de criança, trancafiado pela timidez da puberdade, entrar de novo na escola que foi o primeiro trabalho e finalmente trancar de novo a escrivaninha e o banheiro, em que se batia a porta por segurança de não vexar ninguém haviam anos.
Tantas portas finalmente abertas ou finalmente trancadas que dava pra conhecer o mais fundo recôndito canto do coração da vó, não fosse a menina criança demais pra esses segredos de moça.
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