Comecei a me sentir incoerente... então senti necessidade de por tudo o que estava dentro pra fora, pra olhar de longe e tentar entender como funciona...

sexta-feira, 25 de março de 2011

Das cartilhas

Há cinco anos estou da Educação Pública, há quase um na prefeitura, tendo mais contato com o fundamental I. Semana passada assisti a uma palestra na escola sobre as fases de alfabetização.

Nesse tempo foi se formando, para mim, a idéia de como funciona o tal método novo de alfabetização - importante ressaltar que não o estudei de fato, e que o presente texto é composto de "achismos" e por isso está num blog, não num artigo ou tese de mestrado - e fiquei chocada.

Chocada, é a palavra perfeita. Ocorre que o que me parece - lembrem-se, achismo - é que o método que apresentava cada letra pra criança, sua escrita e sua função como representante de um ou mais fonemas, foi substituído por um em que o coitadinho tem que ficar observando, observando, observando, com toda atenção que conseguir concentrar, até descobrir como funciona o código escrito. Caramba! Não é muito mais fácil explicar logo como faz ao invés de ficar esperando o pobrezinho inventar a roda!

Saí então perguntando à galera antiga do fund I (ex-primário) porque é que as cartilhas foram abandonadas -alguma boa razão há de ter! - e como não conseguisse resposta objetiva, fui pesquisar. Achei então um artigo de Ana Maria Moraes Scheffer, Rita de Cássia Barros de Freitas Araújo, Viviam Carvalho de Araújo, da pedagogia da Federal de Juiz de Fora/MG - que eu preciso terminar de ler - que fala dos "textos fora de contexto" presentes nas tais cartilhas.

Ok. Começa a fazer sentido. Mas deve haver algo mais.

Eu aprendi a ler com a Cartilha Pipoca com frases como "O BEBÊ BABA", que eu lembro até hoje que não me pareciam lá tão fora de contexto já que o Dani era bebê e babava mesmo. Mas eu sou exceção. Quase todo mundo que eu conheço com mais de 25 anos aprendeu com a Caminho Suave, que de tanto ouvir falar eu até fiquei curiosa e acabei achando em pdf num site bem bacana - http://espacoeducar-liza.blogspot.com/2009/02/download-da-cartilha-caminho-suave.html. Quase todo mundo mesmo, inclusive bastante gente aprendeu em casa, antes de ir pra escola. E alguns ainda a compraram - sim! ela ainda existe! - para ensinar o código escrito aos seus pimpolhos com resultados ditos satisfatórios.

A minha dúvida, enfim, é: porque abandonar um método que alfabetizou tantas gerações? Sim, porque eu juro! Eu sei escrever desde o pré. E fazia poesia lá pela segunda... terceira série. E a galera toda que fez o caminho suave também escreve até hoje! Então, por que abandonar o método? Por que não usá-lo em conjunto com outros? Pra que chamar a cartilha de "mal" como a citação de Mortatti presente no artigo já citado? Que diacho tem de tão errado com elas?

E mais. O que seria mesmo um texto com contexto pra uma criança que não encontra o hábito da leitura e da comunicação por escrito no seu contexto familiar?


2 comentários:

Paula disse...

"Acho" o mesmo que vc!

Mas dizem por aí que a gente é exceção. Porque conseguimos aprender com a pedagogia tradicional, sentadas atrás das carteiras, com cadernos de linhas verdes...
Já ouvi que crianças como a gente não aprenderam por causa da escola, mas apesar da escola...
Seria bom ouvir outros relatos, de outros contextos para saber outras histórias.
Seja como for, também gostava das cartilhas.

Lu Hilst disse...

Então... eu já ouvi isso tb... mas o que eu vejo hoje, na prefeitura, são crianças atrás das carteiras mas sem cartilhas e essas não estão aprendendo por causa da escola... nem apesar da escola...