Comecei a me sentir incoerente... então senti necessidade de por tudo o que estava dentro pra fora, pra olhar de longe e tentar entender como funciona...

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Hilda

Permeava a minha infância o ter uma prima artista, poetisa. Palavras que eu, menina, não entendia mas mostrava aos colegas de classe como prova de uma origem mais nobre, de uma ascendência real.
Eu, na inocência desses anos primeiros, cria fervorosamente que ela era muito famosa por ter um  livro publicado, e me orgulhava disso. Não entendia a pequenez de uma publicação ante o mar de obras que transbordam nas livrarias e menos ainda a grandiosidade desta escritora e seu lugar dentro desse mesmo universo.




Não, não convivi com ela. Pelo que sei, meu lado da família nunca o fez, exceto pela minha mãe, que a foi procurar já adulta.
Não, também não a conheci. Deixei pra um depois que não houve, talvez a grande e irremediavel bobagem da  adolescência.

...

Eu detesto esse discurso do "professor-herói".
Aliás, detesto esse personagem que povoa nosso senso comum: o "Professor".
Não pretendo vestir essa máscara e fazer esse teatro de todo dia.

O que eu quero? Quero fazer meu trabalho em paz, olhar no olho dos muitos e responder, de tantas, as perguntas que couberem na minha parca experiência de vida e profissão.

Não serei o símbolo da sabedoria nem a salvadora da nação. Não trabalharei por amor nem farei horas extras voluntárias. Não serei eu a irresponsável que permitirá, via esforço sobre-humano, que as falhas estruturais da educação pública formal desta cidade se escondam e, assim, se perpetuem.

E não, não quero ser o herói de ninguém.