Comecei a me sentir incoerente... então senti necessidade de por tudo o que estava dentro pra fora, pra olhar de longe e tentar entender como funciona...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Por onde andará Maria Teresa?

Hoje foi dia de conselho. Aquela discussão de sempre sobre quem de fato tem dificuldade, quem é só preguiçoso, quem precisava de mais apoio da família...

Lembrei de uma vez lá pela terceira série que, sem nada melhor pra fazer no momento, fiz o exercício de matemática na classe.

Passando por ali, a professora olhou minha lição e disse, com toda bondade nos olhos:
- Está vendo, Luciana, você sabe fazer. Você nunca faz a lição de casa, eu já achava que você era burra mas, não, você consegue fazer...

Aquilo me doeu no ego de tal forma... não foi na alma não, foi no ego mesmo. Não disse nada, mas inda hoje me lembro de ter pensado: "BURRA!?!? Você está me chamando de burra? Quem você pensa que é? Eu vou te mostrar quem é que é burra!" E nunca mais fui mal em matemática.

Hoje, professorando, tenho minhas dúvidas se ela realmente achou que eu era burra ou se só jogou comigo. Se foi esse o caso, ganhamos.


domingo, 13 de novembro de 2011

nós

Eu já te sabia mas não acreditava quando num primeiro encontro cheio de engano não fiquei ao teu lado.

Eu já te imaginava na manhã seguinte

E já temia de tanta mágoa: coração machucado e bem trancado a sete chaves que se abriram quando me enlaçaste a cintura.

E te beijei um beijo interrompido
(depois da demora, ciume de amigo)
e outros tantos que podiam ser um só...
como nós.

E nunca mais dormi sem tua presença, se não em carne, em pensamento
Nem mais te deixei mais só, sem ao menos meu desejo como companhia




quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Por onde eu começo?

Hoje, na 8a série (9o ano)
"lindinho: Aff... música que não fala nada não é música!
eu: Claro que é! A letra é exatamente a parte da música que não é música, é poesia. A música é o som!"
lindinho: Aff..."

"lindinha: Esse cara é doido? Que que deu na cabeça dele pra fazer uma música que não fala nada?
eu: Mas música sem letra é uma coisa muito comum...
lindinha: Não é não!"

Ontem, na 7a série (8o ano):
"História em quadrinhos é aquilo que nem na revista da Mônica, que você escreve uma coisa, aí faz um círculo e aí faz um desenho?"

Uns anos atrás... na 8a série:
"lindinho: O Leonardo da Vinci é um artista muito legal. Eu gostei muito das obras dele. Pena que ele é desconhecido.
eu: como assim 'desconhecido'?
lindinho: eu perguntei pro meu pai, pra minha mãe, pro meu avô... ninguém nunca ouviu falar dele."

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

...

Decidiu-se certo dia a tirar do chaveiro todas as chaves antigas, sem uso, e como não soubesse mais a função de cada uma achou por bem guardá-las em caixinha, para o caso de precisar.

Eis que, muitos anos depois, acha a neta a tal caixinhas com todas as chaves descartadas por toda uma vida e nunca mais utilizadas já que - haja paciência! - melhor comprar cadeados novos.

Pois paciência é que não falta a criança sem ocupação.Pega a menina a tal caixa e se vai a desvendar tesouros: finalmente abrir a janela trancada em definitivo antes de instalar a tela para que o gato não saltasse, ler o diário dos primeiros amores da idosa, rever o álbum de criança, trancafiado pela timidez da puberdade, entrar de novo na escola que foi o primeiro trabalho e finalmente trancar de novo a escrivaninha e o banheiro, em que se batia a porta por segurança de não vexar ninguém haviam anos.

Tantas portas finalmente abertas ou finalmente trancadas que dava pra conhecer o mais fundo recôndito canto do coração da vó, não fosse a menina criança demais pra esses segredos de moça.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

medo...

-Tem um fantasma lá em cima.
Minha irmã descera a escada às pressas e me despejou a tal frase a que respondi, incrédula:
- Fantasmas não existem! Não caio mais nessa.
Frieza compreensível a minha. Não seria a primeira vez. Ela já me assustara antes, com um lençol sobre um quadro da Virgem com o Menino. Ainda me lembrava das suas risadas: "Sua boba, fantasmas não existem!"
- É! Mas tem um lá em cima.
- FAN-TAS-MAS-NÃO-E-XIS-TEM! Dá pra parar com a brincadeira boba???
- Tem sim! Tem sim!
E como ela não deixasse de insistir, decidi subir as escadas e ver com meus próprios olhos, um pouco decidida a por fim à palhaçada e um pouco já curiosa, afinal, o que lhe dava tanta certeza?
A meia duzia de degraus do segundo andar senti o sangue gelar nas veias no mesmo instante em que tocou meus ouvidos o som mórbido de uUuUuUuUuUuUu...
- Desci também as pressas. De fato havia algo lá em cima. Não poderia ser um fantasma, já que fantasmas não existiam e decerto haveria uma explicação lógica e científica para o tal fenômeno, mas estava lá, depois do teto da sala, logo acima de nossas cabeças.
Só que coragem de investigar depressa me fugiu das pernas então tivemos que esperar, paralisadas de medo, até que minha mãe chegasse e desligasse o rádio que havia esquecido ligado, bem baixinho, tocando ópera lá no seu quarto.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

piu piu piu piu...

Um som da infância. Foi o que me pediram.

E me veio a memória a imagem do trator do meu avô. Nos dias de menina passeando no sítio, a principal vedete era o trator onde o avô nos levava para passear.
Sim, morram de inveja: eu já fui criança e já andei de trator.

Passados instantes percebi que era uma imagem. Eu lembrava da figura, não do som do trator.

E então me voltaram os piu-piu-pius dos pintinhos no galinheiro. Andávamos eu a a minha irmã a tentar pegar filhotinhos: da galinha, da leitoa...

Ela, mais velha, ditava o plano. Engraçado que eu sempre ficava distraindo a mãe enquanto ela corria atrás do pequenininho.

E eu perguntava: mas porque VOCÊ não fica na frente do buraco enquanto EU corro atrás do porquinho? Me respondia que eu era menor e por isso corria menos.

Sabe, fazia sentido. Mas ainda assim eu tinha pra mim, (e ainda tenho, que é difícil desfazer certezas da infância) que lá no fundo, quem sabe nem tão fundo assim, ela tinha era medo da leitoa.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

...

22h30.
To saindo com frio, sono e fome de um dia que começou as 6h.
Entro no carro e penso: "Caminha, aí vou eu!"
Atravesso a Purpurina e entro no ladeirão e...
Eis que um infeliz se coloca na frente do carro... bem no meio da rua.
Ele acena indicando o estacionamento.
Eu faço que não com a mão e a cabeça.
"Não" quer dizer: NÃO VOU ESTACIONAR... TO SÓ PASSANDO!
O infeliz CONTINUA no meio da rua.
....
Dizem que eu sou muito paciente, então me pergunto:
Quantos desses são atropelados em SP todos os dias?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Era só o que me faltava...


Estava eu tossindo ininterruptamente há semanas.

Quando retornaram as aulas achei que deveria resolver a situação - minha voz não suportaria a combinação tosse e alunos. Apesar disso, só quando o corpo começou a doer foi que decidi procurar um médico.

A verdade é que não gosto de ir em médico com sintoma muito vago, como: "estou tossindo". Tosse sem catarro há três semanas, dor de garganta e dores no corpo me parece algo mais fácil de diagnosticar. E foi: tosse alérgica.

Não é que eu não desconfiasse. Não tinha febre, o que praticamente descarta infecções e viroses e há tempos coloquei uma colcha na cama pra não permitir que os bichanos deitassem nos lençóis, o que me fez sentir bem melhor! No mais vitamina C e o xarope não faziam qualquer efeito e, me parecia, estando melhor, mais tossia. Vê lá, a alergia é uma reação imunológica então, faz algum sentido que imunidade mais alta resulte numa reação mais forte.

O fato é que, ao que tudo indica, tenho alergia aos pelos do Frederico. Aos da Preta também, imagino, só que ela tem bem menos pelos. Pode ser que o meu problema sejá o pó da avenida, o que, a curto prazo, não é menos grave.

Agora é tomar antialérgico. E toca varrer a casa.


segunda-feira, 25 de julho de 2011

o dia em que descobri a política

Lembro eu criança, voltando da escola pela Jamaris cheia de árvores novas. Em volta de cada arvorezinha, um protetor com o símbolo da prefeitura do município de São Paulo.

Então teve eleição e ganhou um tal Paulo Maluf, que a minha mãe sempre odiou mas a minha avó adorava e eis que quando volto pras aulas e encontro o logo vermelho do novo prefeito nas gradinhas verdes das plantas já conhecidas.

"Agora quem passar aqui vai pensar que foi ele que plantou", foi a idéia que me pulou à mente. E aquilo me pareceu de uma desonestidade tão grande, uma cara de pau tão sem tamanho, que penso que mesmo sem os discursos contrário da minha mãe, sem qualquer denúncia ou promessa não cumprida e apesar da defesa da minha avó, eu não votaria neste jamais.

Talvez eu fosse capaz de deixar passar as mentiras, os exageros e os disparates do discurso. "Todo mundo sabe que político mente", diria eu, mas usar as arvorezinhas para fazer campanha era absolutamente imperdoável para a minha moral infantil.


segunda-feira, 4 de julho de 2011

cada uma...

Eu ouço cada uma...
que não é bom dar nota baixa ou irão te perguntar se você deu mesmo todas as chances do seu pobre aluninho recuperar as notas;
que reprovar eles não vão mesmo, pois pra reprovar você tem que provar por A+B+C+(x.y) que você fez tudo o que precisava, deu todo o apoio necessário, comunicou a família, o conselho tutelar, a vara da infância, o padre, o pastor, o papa, o cachorro, o papagaio... ofereceu trabalho de compensação de faltas, encominhou pro psicólogo, fez a recuperação paralela, propôs atividades diferenciadas e, mesmo assim, não deu certo.... (e eu aqui me perguntando quem de fato acredita que eu consigo fazer tudo isso pelos meus mais de 560 alunos desse ano)

Agora tivemos duas novas:
a primeira é que não podemos convocar os pais por telefone. As pobres mamãezinhas se sentiram incomodadas e, ao que consta, foram reclamar com a supervisora....

Essa é boa. Não bastasse não poder cobrar nada dos alunos (e não é que eu queira reprová-los... eu não acredito em reprovação, só acho um absurdo me pressionarem pra assinar atas e tarjetas que afirmam que ele domina conhecimentos que eu sei que ele sequer lembra que existem), agora também não podemos cobrar as famílias.
Agora não podemos incomodar a Dona Devota e que afirma passar o dia na Igreja pra não ficar perto da criança, a outra que diz que não manda o menino pra escola porque tem outros filhos (???!), nem os tantos que a gente vê chamando as crianças de traste, vagabundo e daí pra baixo.

Somos pressionados pra não cobrar nada de ninguém e a minha dúvida é: quem se espera que eduquemos assim?
Me parece que o objetivo de todo esse discurso que nos repetem há tanto nos ouvidos e que deu no que temos visto em ENEMs, Vestibulares e em tantas universidades é, no fundo, manter o povo pobre ignorante, manter a classe iletrada nessa mesma condição através das gerações, pra garantir a concentração do capital nas mãos que já o tem.

A segunda, que me deixou mais triste que chocada, é saber que há quem se console por saber que eles irão pagar por tudo pastando no ensino médio e na vida adulta.

Não. Isso não me consola. Se eles faltassem, enrolassem e me infernizassem a vida, mas conseguissem fazer um bom segundo grau, uma boa faculdade, se qualificar, ter um bom trabalho e dar uma condição de vida digna as suas famílias, eu ao menos sentiria que, ainda que aos trancos e barrancos, meu dever foi cumprido.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Bum!

Não tomem isso como um manifesto "Anti-eca". E afirmo, logo de inicio, que acredito e defendo o estatuto, mas...

Alguma coisa anda muito errada, se não na lei, nas ferramentas para aplicá-la.

O fato é que tem criança por aí mordendo coleguinha, chutando professor, colocando bomba na escola e nada dá em nada. Os menos cuidadosos, quando pressionados, soltam logo o verbo: "Chama aí quem você quiser, eu sou menor mesmo, não pega nada!" E não pega mesmo. No máximo transferência. Que nem expulsão nem suspensão são de fato permitidas.

A curto prazo, a única chance que um adolescente tem de sofrer uma repreensão à altura do que ele faz é outro adolescente se encher e quebrá-lo no meio. Existe uma redoma tão bem construída para evitar que os adultos toquem neles, que ficam todos a mercê uns dos outros.

Haverá quem diga "punição não é o caminho, devemos utilizar medidas sócio-educativas". Concordo. Punir não é o caminho, o caminho é dar limite. Só que quando um adolescente coloca uma bomba na porta da sala dos professores, como aconteceu onde eu trabalho hoje de manhã, é sinal de que o limite falta há muito. E de que ele não tem medo de demonstrar isso.

No mais das vezes, todo esse cuidado passa a sensação de impunidade, o que, em se tratando de educação, é no mínimo uma grande mentira: eles estão aprendendo que podem tudo. Um dia sairão da escola e a vida os derrubará rapidinho. E o que foi que a gente fez pra evitar isso?

segunda-feira, 25 de abril de 2011

...

A casa finalmente arrumada.
Lençóis macios de algodão... limpinhos, cheirando a alecrim
O edredom cuida do calor que caracteriza o aconchego e as janelas garantem o silêncio.

Toda essa pureza só me remete a uma imensa solidão.
Cada canto só me faz repetir ao ouvido: meu amor não dorme comigo essa noite.

terça-feira, 19 de abril de 2011

o índio

essa é uma nova velha postagem. do blog véio que saiu do ar.
lembrei por que falaram do dia do índio.

sábado, 6 de novembro de 2004



O índio disse que São Paulo é uma grande aldeia
uma grande aldeia que reune gente de muitas aldeias
e que essa gente tem saudades do seu lugar de origem

Eu, que nasci aqui,
que não tenho um outro lugar de onde sentir saudades
fiquei me sentindo sem origem

como um retalho de uma colcha que nunca foi peça inteira
uma parte que nunca foi todo

como se aqui - o lugar onde se encontra gente de toda origem
não pudesse originar ninguém

fiquei me sentindo sem identidade e sem passado
porque não tenho uma cultura de séculos pra passar pros meus netos
porque tudo isso é distante demais


mas fiquei feliz....
sem pátria, de não ser estrangeira

o Brasil todo vem a São Paulo algum dia
e eu, de nenhum lugar se não daqui,
me sento, como boa espectadora,
e vejo o pais passar diante de meus olhos
sem nunca ter ido lá.
enviado por Lucis - Email as 22:37:07.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

...

Hoje a mocinha da telêfonica me ligou.

Toda educadinha, me disse que tinham um plano "mais adequado ao meu perfil" e me ofereceu uma linha que, pelo valor de 54,90 mensais, me permite falar a vontade e navegar na internet à vontade (se é que se pode usar essa expressão pra internet discada...)
Aí eu expliquei pra moça que eu tenho speedy e que, portanto, pra mim, internet discada à vontade é um benefício inútil. Também expliquei que eu só tenho linha fixa por causa do speedy, que fiz um plano mais em conta, de 29,90 fixos, que eu já não gasto e que, portanto, falar à vontade não me serve também de grande coisa.

Aí eu me lembrei das mocinhas educadinhas da net, que me ligavam pra oferecer o virtua depois de eu ter deixado a net porque ela não oferece virtua no meu bairro.

Agora alguém me explica: porque é que não verificam meu cadastro antes de me ligar?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

...

Eu escancarada à espera do amor já pronto e a algazarra a correr solta do outro lado da rua.

De repente me faço consciente, feito Eva, da vidraça aberta e vou fechá-la.

Privacidade restaurada, a algazarra decide me bater à porta: Vamos tomar água. É! E fazer xixi.

Ah! Mas não vão mesmo. É minha casa. Não podem ir entrando assim!

Tudo bem. Vamos lá no fundo então.

EI! Como assim! Ei! Voltem aqui! Lá no fundo também é minha casa!

Mas o que a gente imagina dormindo não reconhece o direito à propriedade.


Eita. Cada sonho esquisito.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

teoria e contemplação

Ontem tive aula com a Pel...

Ela falou das reflexões que teve sobre os desenhos das crianças que passaram pela casa redonda e sobre a importância de se pensar a própria prática.

E eu lembrei de um texto de um tal teórico que eu li na faculdade, que contava que no tempo dele os professores se impunham pela voz e que ele não conseguia fazer isso porque não tinha toda essa voz. E ele contava com descobriu um jeito novo de trabalhar com os meninos e de como isso se mostrou produtivo...

E eu lembrei porque gostava de estudar os tais teóricos da educação. Eu acho um saco ler livros técnicos, mas adoro ouvir historias. Na educação, cada pesquisador conta a sua historia, e o que descobriu com ela.

Talvez isso seja o que devamos aprender com eles: a refletir e contar e descobrir coisas através da nossa história.

Talvez seja por isso que eu queira escrever sobre educação: pra contar a minha história.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Pra galera do "mal, não faz..."

Hoje recebi um e-mail absurdo. Uma daquelas correntes estúpidas dizendo que a microsoft vai pagar pra você repassar pra todo mundo...

Caralho! Alguém ainda crê nessa baboseira? Pensei. Mas o que me irritou, de verdade, não foi a corrente em si ou a eterna inocência (ou burrice) do internauta. Me tirou do sério, de fato, o comentário que chegou junto: "Na dúvida, vale a tentativa"

Não. Não vale a tentativa. Eu acredito tanto nisso que quem me conhece pensa duas vezes antes de me mandar essas coisas: eu respondo. Respondo "de boa", como dizem os meninos lá na escola. Pesquiso e devolvo o e-mail pra todo mundo desvendando a mentira toda. Inda mando o link do site que explica como e porque isso não pode ser verdade.

Dia desses recebi um sobre uma menina de 10 meses que tinha um câncer no cérebro que se chamava "Se você deletar isso não tem coração!" Tinha até fotos. Pois não deletei. Achei a resposta no e-farsas.com - http://www.e-farsas.com/artigo.php?id=22 - e mandei de volta.

Veja bem: alguém usou as fotos de um bebê doente de verdade pra sacanear os outros na internet. E aí? Quem não tem coração? Um monte de gente repassou as imagens, expôs as fotos da menininha pra sabe lá quantas pessoas no mundo sem se preocupar sequer em verificar se era verdade a tal historia. E aí, quem é que não tem coração? E se fossem as fotos da sua filha rolando por aí?

O fato é que a maior parte das pessoas acha que estará fazendo um mal se não repassar as tais besteiras - afinal, "e se for verdade?" - e que não estará fazendo mal nenhum se repassar.

Pois lá vai:

Você já se perguntou como aquele monte de gente que te manda spam e vírus consegue seu e-mail? Pois é. Via corrente. Então vai uma dica: Email sério pede pra copiar e colar sem os endereços.

Tem mais. Sabe aquele que fala pra digitar a sua senha ao contrário se for sequestrado e levado ao caixa eletrônico? Sabe o que acontece se você fizer isso? Bloqueia o teu cartão. Sabe o que o seqüestrador faz se bloquear o seu cartão? :/

Tem outra ainda: Você sabia que tudo, mas tudo mesmo que você acessa pela internet, está salvo em algum computador em algum lugar? Pois é. As coisas não ficam flutuando por aí. Elas ocupam algum HD . E HD custa dinheiro. Ou seja, sem corrente, os custos de manutenção da rede seriam menores (infelizmente, não sei dizer quanto).

Não bastasse, sabe quando você precisa mandar um e-mail e o servidor trava? Pois é, ele funcionaria melhor se não tivesse tanto babaca mandando corrente enquanto você tenta tenta enviar um currículo.

Aliás, falando em currículo... quantas oportunidades você já perdeu pq sua caixa estava lotada e vc não recebeu o e-mail? Ou porque tinha tanto e-mail antes que você não conseguiu ler a tempo? Quantas das mensagens no meio do caminho eram correntes ou spans?

Pois é. Aí vc me pergunta: Mas e se for verdade?
E eu respondo: se você repassa qualquer merda, quando for verdade metade dos seus amigos (ou mais) nem irão ler.

E digo mais: Você não é um papagaio pra ficar repetindo sem pensar. E se se comunica via e-mail quer dizer que também não é um bebê nem um analfabeto. Portanto, LEIA A MERDA DO E-MAIL com atenção e VEJA SE FAZ SENTIDO. Jogue a primeira frase no google e descubra se é verdade. Na dúvida, mande pra UM amigo (só um) que tenha mais propriedade que você pra avaliar a situação.

O importante é: quando repassar a informação pra galera, repasse algo que você possa assinar embaixo. E date. Porque uma vez eu recebi um pedido de doação de sangue prum menino com leucemia que já tinha feito transplante há anos e tava vivendo muito feliz com a sua família. Aliás, nem era mais tão menino...

Ah... achou trabalhoso? tá sem tempo? Joga fora. Me poupe do trabalho de deletar o pedido que vc nem se deu ao trabalho de ler direito.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Das cartilhas

Há cinco anos estou da Educação Pública, há quase um na prefeitura, tendo mais contato com o fundamental I. Semana passada assisti a uma palestra na escola sobre as fases de alfabetização.

Nesse tempo foi se formando, para mim, a idéia de como funciona o tal método novo de alfabetização - importante ressaltar que não o estudei de fato, e que o presente texto é composto de "achismos" e por isso está num blog, não num artigo ou tese de mestrado - e fiquei chocada.

Chocada, é a palavra perfeita. Ocorre que o que me parece - lembrem-se, achismo - é que o método que apresentava cada letra pra criança, sua escrita e sua função como representante de um ou mais fonemas, foi substituído por um em que o coitadinho tem que ficar observando, observando, observando, com toda atenção que conseguir concentrar, até descobrir como funciona o código escrito. Caramba! Não é muito mais fácil explicar logo como faz ao invés de ficar esperando o pobrezinho inventar a roda!

Saí então perguntando à galera antiga do fund I (ex-primário) porque é que as cartilhas foram abandonadas -alguma boa razão há de ter! - e como não conseguisse resposta objetiva, fui pesquisar. Achei então um artigo de Ana Maria Moraes Scheffer, Rita de Cássia Barros de Freitas Araújo, Viviam Carvalho de Araújo, da pedagogia da Federal de Juiz de Fora/MG - que eu preciso terminar de ler - que fala dos "textos fora de contexto" presentes nas tais cartilhas.

Ok. Começa a fazer sentido. Mas deve haver algo mais.

Eu aprendi a ler com a Cartilha Pipoca com frases como "O BEBÊ BABA", que eu lembro até hoje que não me pareciam lá tão fora de contexto já que o Dani era bebê e babava mesmo. Mas eu sou exceção. Quase todo mundo que eu conheço com mais de 25 anos aprendeu com a Caminho Suave, que de tanto ouvir falar eu até fiquei curiosa e acabei achando em pdf num site bem bacana - http://espacoeducar-liza.blogspot.com/2009/02/download-da-cartilha-caminho-suave.html. Quase todo mundo mesmo, inclusive bastante gente aprendeu em casa, antes de ir pra escola. E alguns ainda a compraram - sim! ela ainda existe! - para ensinar o código escrito aos seus pimpolhos com resultados ditos satisfatórios.

A minha dúvida, enfim, é: porque abandonar um método que alfabetizou tantas gerações? Sim, porque eu juro! Eu sei escrever desde o pré. E fazia poesia lá pela segunda... terceira série. E a galera toda que fez o caminho suave também escreve até hoje! Então, por que abandonar o método? Por que não usá-lo em conjunto com outros? Pra que chamar a cartilha de "mal" como a citação de Mortatti presente no artigo já citado? Que diacho tem de tão errado com elas?

E mais. O que seria mesmo um texto com contexto pra uma criança que não encontra o hábito da leitura e da comunicação por escrito no seu contexto familiar?


domingo, 20 de março de 2011

Eu e o plano de ensino

Ufa! Terminei o diacho do plano!

Parece-me uma grande ironia, que 12 anos depois - isso mesmo, faço planejamentos a 12 anos - eu tenha pastado tanto, mas é verdade.

O fato é que fazer planos na prefeitura inclui, além de decidir pra onde e como quer ir com o grupo, adequar tudo isso ao programa e à linguagem da prefeitura, e isso me deu um trabalhão! São tantos detalhes, códigos...

Enfim, agora fica tudo mais tranqüilo. É só seguir, avaliar e, se necessário, alterar. Como sempre.

Como se fosse simples!


quinta-feira, 17 de março de 2011

relendo o arquivo do blog...

achei isso...
de muito tempo atrás...

"Contra a minha vontade, haverei de dizer-lhe "não". Ao menos uma vez é preciso, para que me certifique de que é por vontade e não por necessidade que procuro tua companhia. Se não for capaz, então que se acabe de vez essa historia, que já não há de dar certo. E não há, porque me mantendo por necessidade ao teu lado, terei sempre medo de perdê-lo como ao ar que respiro e não poderei ser feliz com medo. E porque, assim amedrontada, de forma ou outra acabarei sempre por aprisioná-lo, e não hei de te fazer feliz engaiolado."

é de 2006
pra quem não vem ao caso.

mas é engraçado:
hoje não sei se respirava se você fosse embora.
Nem por isso te amarro.
Nem por isso temo.
Nem por isso deixo de te fazer feliz.

Ou não é assim?

segunda-feira, 14 de março de 2011

Do tsunami japonês

Parecia uma sopa de casinhas...
Pensei diante dos telhados flutuantes girando dentro da onda.
E eu que sempre brinquei de olhar as fotos das cidades e imaginar o que cada pessoa estaria fazendo dentro de cada casinha não pude deixar de pensar nos milhares de consciências girando em meio ao turbilhão.

Que sina essa, não? De construir pra vir a natureza e levar tudo.
E sina antiga, de um povo que não se dá por vencido.


Hoje falei com a Nadya.
Dá uma tranqüilidade extra saber que era ela lá do outro lado, respondendo que está tudo bem.
Que fique bem.
Que continue bem.
E que nos encontremos em breve.

sábado, 5 de março de 2011

O carnaval, o carnaval!

E a metrópole vestiu-se de inverno. Digo mais. De inverno russo.

Claro que não fez um frio russo, assim como não estiveram no mar os piratas que festejam essa noite nos salões, mas fez o frio necessário para nos colocar um cachecol no pescoço e uma coriza básica no nariz já vermelho, como estaria lá.

Alguns dirão: porque não Francês? Inglês? Sueco?
E eu respondo: por que a Rússia é um país com uma das menores densidades demográficas do mundo e São Paulo se fez, além de fria, deserta.

Além disso, a Rússia é conhecida mundialmente pela Revolução Socialista e nessa época, por aqui, está cheio de meio socialista... meio revolucionário... meio intelectual... meio defensor da cultura popular... tem fantasia pra todo gosto.

Pra terminar... a Rússia é conhecida pela decadência do seu modelo, por não se parecer mais com o que era. E se tem uma coisa que São Paulo não parece no meio do feriadão, é com São Paulo.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Do primeiro telefonema.

Pra onde podemos ir?
Não faço idéia. Só quero te ver.
Eu também.

...

E o princípio desse primeiro diálogo à distância permanece.

Um amor puro, no sentido mais pleno da pureza:
Um amor só amor.

sem aparências, sem obrigações, sem regras,
(sem DRs!)

Que está pra esses amorezinhos de fachada
Como está para a água que sai das nossas torneiras
aquela colhida da nascente nas conchas das mãos.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Caos Paulistano

Qual a diferença entre São Paulo e Veneza?
Aproximadamente 30 minutos de chuva forte.

Qual a diferença entre São Paulo em dia de chuva e Veneza?
Os moradores de Veneza já tem barcos na garagem.

Porque São Paulo é a cidade que nunca para?
Só pode parar algo que antes estava em movimento.




quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Outono...

Outono
Brisa na careca
na cabeleira
fazendo dançar as flores.

Ar em movimento.

Outono, chega logo
que a gente tá derretendo.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

amanhã.

Marco a hora do despertador e estremeço: 6h da manhã

Há de ser um longo ano e ou me disciplino muito ou nada do que sonhei será de novo.

As aulas de dança, o francês, a capoeira, o mestrado...

Tantas expectativas tão difíceis de explicar a quem vive pro trabalho. Os colegas me dizendo que posso voltar pra casa e descansar... e eu corroendo pensando que não é nem o tempo de descanso nem o de trabalho que desejo...

Desejo o tempo de estudo. O tempo de construir conhecimento. O tempo de não me deixar carregar nesse turbilhão que arrasta os homens do trabalho pra casa e de novo pro trabalho sem que possam conhecer a própria vida. Desejo o tempo de fazer escolhas. O tempo de produzir arte. O tempo de dançar com meu amor.

E os colegas cansados de nadar contra a correnteza nem me entendem o sentido dos desejos.
Coisa de menina. Logo passa.

Tomara não passe nunca. Tomara não me levem também essas águas.
Eu há muito decidi não deixar de ser menina. Quero caminhar pela estrada da vida vendo as flores que nascem no caminho, sentindo os perfumes e tomando chuva. E quero parar as vezes e olhar a paisagem e beijar meu homem.

Resta muita disciplina, o descanso necessário e a atenção a cada minuto pra não me perder de mim nesse ano maluco.

Como diria o Elefante de Drummont... amanhã recomeço.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

E a minha orquídea deu cria.


Assim é a vida, não? Sempre surpreendendo...

Acontece que uns meses atrás... quase um ano talvez... fiquei sabendo que eu devia podar minha orquídea. Estava lá, no site de "como cuidar de plantas". Diziam que depois de florir, tinha que cortar a haste das flores, pra que a planta não desperdiçasse energia sustentando aquela parte morta.

Devo admitir que a mim pareceu de extrema crueldade esse ato de cortar da planta justo aquela parte que pouco antes me dera flores e que de morta não tinha nada posto que da raiz ainda exigia forças.

Como todo ato cruel que a vida me exige as vezes, protelei por meses. Só me rendi ao olhar as hastes vazias de antigas flores e contar nelas os anos da planta - ok. toda primavera ela dispensa o antigo e cria mais um.

Cortei então as ditas partes, mas inconformada de tanta falta de agradecimento, finquei-as num vaso próximo e continuei molhando.

A planta, coitada, sentida do abandono, perdeu quase todas as folhas, mas ainda floriu no outubro passado nos dois vasos: na haste nova de 2010 e numa das antigas, fincada em terra imprópria e sem raiz, como que num último esforço em me dizer que eu tinha razão, que ela estava viva.

Passada a floração, me perguntei do futuro e deixei as dúvidas no ar. Apenas mantive a rega semanal nos dois vasos, mais por hábito que por cuidado. E esperei.

Finda a correria de fim de ano e já depois do natal minha mãe repara: a orquídea está brotando.

Pois foi.

Passado o susto, a planta reconheceu as novas forças e me devolveu quatro brotos. Não um, mas quatro. Cada qual pronto a se tornar nova planta. Os pedaços no vaso ao lado, por sua vez, me devolveram o cuidado lançando dois deles duas mudas novas, um deles uma.

Apenas um resta que não soltou nada ainda. Talvez doente, talvez cansado, talvez ainda irritado com a mudança de endereço. Quiçá nada disso. Apenas embevecido com a beleza dos sobrinhos, distraído apreciando as surpresas que a natureza nos faz.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

um teco de inocência perdida...

Era madrugada quando desci as escadas. Ou parecia.
A sala estava escura. Escura de noite e escura de sentimento.
Discutiam, o pai escondido pela parede da própria escada, a mãe sentada no sofá... lágrimas ao rosto.

Não lembro o assunto,
Não lembro a data,
Não lembro que idade eu tinha.

Lembro da sala da primeira casa, mamãe sentada ao sofá
e eu na penumbra descobrindo que os adultos também choram.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

...

aqueles que usam
maltratam
machucam

quem passa a vida a sugar sem nada devolver

pobres deles.
No melhor dos dias serão meio felizes.

Metade da luz que é felicidade emana dos olhos do outro.