Comecei a me sentir incoerente... então senti necessidade de por tudo o que estava dentro pra fora, pra olhar de longe e tentar entender como funciona...

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

...

Hoje eu comentei com uma aluna que vou fazer prova pra trabalhar em outro lugar.

Ela se fez surpresa e perguntou:

- Porquê? Você mudou toda a sala de leitura! Antes a gente não fazia nada na aula de leitura e você gosta muito do que você faz.

Como é que pode? Uma percepção... um reconhecimentozinho, abalar toda uma certeza!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

vamos ver se eu entendi...

Eu estou dirigindo uma moto, o polícial me para e pede a carta (que eu não tenho)
Se eu disser que não vou entregar, é desobediência
Se eu xingar a mãe dele, é desacato.
Se eu contar uma historia muito triste, ele ficar com dó e me deixar dirigir por aí sem carta por isso, é prevaricação
Se eu oferecer cenzinho, é corrupção ativa.
Se ele aceitar, é corrupção passiva.
Se outra pessoa me disser que é cunhado do polícial e que se eu arrumar cenzinho ele arranja tudo, é tráfico de influência.
Se eu apresentar a carta de outra pessoa fingindo ser minha, é falsa identidade.
Se eu apresentar uma carta falsa, mas boa o suficiente pra enganar o policial, é uso de documento falso. (Se for falsa e tosca é só uma piada mesmo)
Se eu tiver feito um BO de verdade, contando que minha carta, que era de carro e moto (mentira, é só de carro) foi roubada (nem foi, eu inventei a história toda), é falsidade ideológica.
Se o policial me exigir uma grana, me ameaçando, dizendo que é assim que funciona e que ele tem direito porque é policial e tal... é concussão
Se ele me mandar sair de cima da moto pra que esta seja levada embora e eu nem me mexer, é resistência;
Se o guarda me arrancar de cima da moto à força e me jogar longe, é violência arbitrária.
Se o outro funcionário, que está levando todas as motos apreendidas pro pátio, parar na casa dele e deixar a moto lá, é peculato. 
Se  o policial não for policial de verdade, for só o cunhado que pegou o uniforme emprestado (sem pedir, é claro) pra fazer uma graça, é usurpação de função pública

Amor... quando você tiver a moto, quero dirigir não... dá muito trabalho!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

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os meus lápis somem como a minha energia.
a escola é um grande buraco negro que nos engole tudo e pouco devolve.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

diálogo bem que possível

Aluno 1 (contando piada) - Aí, o professor...
Aluno 2 (interrompendo) - Professor? Que isso?
Aluno 3 (com ar pensativo) - Ih... Professor... Sei não!
Aluno 1 - Mas "cês" são burros! Professor! Aquele cara que fica em pé ali na frente...
Aluno 3 (pra si mesmo) - Ah... então é isso...
Aluno 2 (indignado) - "Tá" me tirando! Não tem ninguém ali na frente!
Aluno 3 (aponta) - Tem sim, olha ali!
Aluno 2 - "Tá" que eu vou olhar só pra vocês ficarem me zoando depois! (Fica emburrado olhando para o outro lado, mas prestando atenção na conversa)
Aluno 1 - Mas é serio! Você nunca tinha reparado que tinha um cara lá na frente?
Aluno 3 -  Eu tinha, só não sabia que ele se chamava Professor... Achei que era Jorge...
Aluno 1 - Mas o nome dele É Jorge. Professor é o que ele faz!
Aluno 3 - O que ele faz? Como assim?
Aluno 1 - Isso de ficar lá na frente... é ser professor...
Aluno 3 - Ah... Então aquele outro que fica na outra sala também é professor?
Aluno 2 (Olha primeiro de canto de olho, pra não dar na vista, leva um susto e só então olha diretamente pra frente) - Ih! "Num" é mesmo que tem um caboclo lá na frente?
Aluno 1 - Só agora que você viu?
Aluno 3 (retomando o assunto) - E o que mais que ele faz além de ficar lá na frente?
Aluno 1 (com ar de sabichão) - Ah! Ele faz muitas coisas... Ele fala "uns bagulho", escreve "uns trem" com giz na lousa, chama o nome da gente e vez em quando tem "uns chilique"
Aluno 2 - Chilique? Por quê?
Aluno 1 - Xiii, isso eu não sei não. Acho que esse cara é meio estressado... deve ser do jeito dele mesmo...

terça-feira, 24 de julho de 2012

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Será que alguém cai nisso?

Agora tem uma moda nova nos memes. Os tradicionais "curte/compartilha" agora tem a terceira opção "não faça nada".

Antes, você podia simplesmente não fazer nada por que não dá a mínima pro assunto e não está com saco pra emitir opinião. Agora, alguém, sem a sua autorização decide que, se "não fizer nada", também estará emitindo opinião e, claro, a opção não faça nada sempre é a, socialmente, considerada pior. É como se a rede te dissesse: "Se não fizer nada é por que você....".

A minha pergunta é: Será que tem alguém nesse mundo tão besta a ponto de compartilhar um meme por que "se não vão achar que eu..."
Vai saber, né?

Isso me lembra uma professora que uma vez me disse que, se alguém te dá uma ordem, te obriga a uma ação: você pode obedecer, desobedecer ou ignorar, mas não tem mais a opção não fazer nada.
Eu sigo ignorando.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

quem dera




Quem dera ser Frederico
Passar as tardes enrodilhado
tomando o sol filtrado pela janela da sala.

E todo o meu necessário,
para permanecer feliz e aquecida
era uma Luciana a prover colo e comida.

Arranjaria então uma Preta
a me fazer companhia
em dias de solidão

E nem o doce compromisso
da rara visita aos amigos
me demovia dos sofás queridos

ou me fazia por os pés no chão.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Coisas que nem todo mundo sabe sobre a escola pública hoje...

A gente ouve as pessoas falando as coisas por aí e fica pensando que tem gente que não tem a menor noção do que é a escola pública... e do que é o público.

1. Quando o professor passa a aula inteira falando, ele não está enrolando. Quando ele deixa os alunos à vontade, ele não está enrolando. Dá um trabalho do cão manter 35 alunos vivos e a sala inteira sem uma tarefa. O jeito mais fácil de enrolar é mandá-los copiar o livro no caderno e não tentar explicar nada.

2. Ninguém marca semana de provas porque é legal. Semana de provas é um inferno. Tem sempre uma galera "nem aí" que termina em 5 minutos e fica infernizando e atrapalhando quem quer fazer direito. Se você manda quem terminou pro pátio metade da sala chuta tudo ou entrega em branco sem nem ler só pra ir para o pátio e depois de 20 minutos eles começam a brigar no pátio. A gente faz porque acredita que é importante preparar nossos alunos pra essa situação.

3. Nenhuma escola organiza campeonato, show de talentos, evento cultural porque o corpo docente está cansadinho e com preguiça de dar aula. Evento é outro inferno, como a semana de prova. A gente faz porque considera importante. Como já disse antes, quem quer descansar manda a turma fazer cópia.

4. No meu tempo quem não queria estudar não acordava cedo pra ir a aula. Hoje eles todos acordam as 6h pra fazer social. Em geral, é preciso contar aos alunos que eles vem pra escola estudar, pois a maioria não sabe.

5. Escola não dá jeito em ninguém. Escola ensina a escrever e a contar. Ensina ciências, historia, geografia e artes. Ensina até qual deve ser a postura do estudante no ambiente escolar e perante os amigos. Jeito só quem dá é pai e mãe. No máximo avó, tia, irmão. E mesmo assim com muito esforço.

6. Hoje, um aluno de fundamental II (antigo ginásio) é capaz de ouvir 45 minutos de explicação sem entender nada, nem perguntar, nem achar que tem algo errado... vai entender!

quinta-feira, 22 de março de 2012

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Inclusão não é tratar o diferente como igual.
Inclusão é aceitar que todos são (e tem o direito de serem) diferentes.
É colocar no mesmo patamar o deficiente físico, o intelectual, o superdotado, o que tem dificuldade de atenção, o que presta tanta atenção que nem ouve quando falam com ele, o que só gosta de desenhar, o que só para pra fazer qualquer coisa depois de correr muito, o que não tem pai, o que não tem mãe, o que não tem vó, o que não tem tio, o que tem uma família exemplar, o que só quer saber de história em quadrinhos, o que só pensa em ciências, o que só pensa no sexo oposto, o que só pensa no próprio sexo, o que não pode ver um gatinho que quer levar pra casa, o que não gosta de gatos, o que se recusa a tomar leite, o que passa o dia na TV, o que não gosta de TV, ou de chocolate, ou de futebol.
Inclusão não é colocar todos na caixinha da grade escolar. É dar espaço e criar estrutura pra que cada um expresse a sua diferença, descubra suas qualidades e as explore, descubra seus defeitos, os aceite e encontre meios de lidar com eles.
Inclusão é entender que a normalidade não existe. Que não há padrão. Há o indivíduo, a biologia e a cultura. E que se a gente tem a ilusão de que quase todo mundo tem muitas coisas em comum e só alguns destoam é porque quase todo mundo se esforça bastante pra esconder o seu melhor e o seu pior. O mundo é como uma colcha cinza de minúsculos retalhos, onde nenhum retalho é cinza. Tem que olhar de pertinho pra ver as cores.

(agora, como a gente faz isso com 30 crianças por vez... se alguém souber me conta.)

sexta-feira, 16 de março de 2012

Apendicectomia

Terça-feira, 8 de março de 2012.

4 dias depois eu finalmente desisto. 6a série com dor não dá pra encarar!
Chego ao hospital as 8h15. Entro no consultório as 8h40. Vejo estrelas às 8h45.
"dói. aí dói. é estranho... dói quando solta..."
9h20: exame de sangue e urina.
"Hummm to com fome... mas vai que precisa de jejum pra algum exame... vou só tomar água."
10h: 6 copos de água e ultrassom.
12h20: o exame de sangue ficou pronto, volto ao consultório: pode ser apendicite.
12h40: Tomografia... ops.. precisa 4h de jejum. "Beleza, tomei café as 7h. Quê? jejum de água também? Xiii...
14h: Agora sim, tomografia. Ou melhor... preparo para...
15h: Agora você continua em jejum até sair o resultado...
16h40: Apendicite.

Fui internada no mesmo dia (finalmente ganhei um sorinho!)
Operei no dia seguinte. Dei vexame... vomitei na sala de recuperação... 4 vezes.
Na quinta, dia da mulher, fui pra casa.
Lá pelo domingo, as dores começaram a melhorar...
Dia 16 tirei os pontos. Tudo OK, mas pra rir ainda dói, portanto, não façam piadas!!!

Preciso me lembrar de agradecer às 6as séries por me convencerem a ir ao médico.

domingo, 4 de março de 2012

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meu cabelo ama tua nuca e teus dedos do pé e tua orelha e...
meu seio ama teu glúteo e tuas mãos e joelhos e...
minhas panturrilhas amam teu peito, teus olhos, tuas narinas e...

toda eu amo cada pedacinho de você.

sexta-feira, 2 de março de 2012

do espaço para o outro

- Professora, eu vou na umbanda.
- E eu vou no candomblé!

Essa semana, pela primeira vez, uma aluna me disse isso com todas as letras. Uma não, vários, meninos e meninas. Foi como encontrar uma estrela, uma pedra preciosa.

Não o ser ela umbandista: a cidade de São Paulo tem um montão de terreiros e as escola públicas da cidade devem ter milhares de alunos umbandistas e candomblecistas.

Foi o sentir-se à vontade para dizer.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

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Ano novo, função nova, escola nova.
e um monte de novos desafios pela frente.
(mais precisamente 624)

Um brinde à Sala de leitura!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

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Hoje um homem me perguntou se eu ainda pensava nele. E eu respondi, com sinceridade: Não.

E ele disse: mas você fez parte da minha vida, queira ou não. E eu: fiz. eu sei. não nego.


Chega a ser engraçado...
como é fácil admitir as historias que de fato acabaram.
Tem a mesma tranquilidade de olhar as fotos de infância.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

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dirigir é um exercício de paciência, de percepção, respeito e concentração.

tá lá você e a rua. a rua, vazia, e você, no volante.

Precisa segurar o pé e andar no limite.
Precisa ver os outros, deduzir suas intenções
Precisa lembrar que o outro, no mais das vezes, é tão importante e tem tanta pressa e tantos compromissos quanto vocês.
E precisa lembrar que, pensando bem, se você chegar uns minutinhos mais tarde, nem vai fazer tanta diferença assim...

Quem consegue se manter tranquilo no trânsito deve ser capaz de alcançar o nirvana...

domingo, 1 de janeiro de 2012

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...
pá pá pá
...
uóuóuóuó
...
foi na porta de casa.
nem fui olhar...