Comecei a me sentir incoerente... então senti necessidade de por tudo o que estava dentro pra fora, pra olhar de longe e tentar entender como funciona...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O Miguel gosta de mar.

Tava lá eu maluca com minhas quinhentas crianças... falando do fundo do mar, que era o projeto planejado, passando o que fazer pros lindinhos quando o menino pega o meu livro e começar a olhar página por página com toda a atenção.

O Miguel gosta de mar. Penso eu.

O Miguel é um menino que deve sofrer muito, que chega vez por outra todo estropiado. Ademais, faz todo mundo a sua volta sofrer na escola. Bate num, morde outro, xinga outros tantos. Não conhece autoridade e quase sempre também não oferece carinho. Mas gosta de mar.

Naquele dia os olhos dele brilharam. Naquele dia tinha uma luz ali que não sei se vi de novo.
Mas estava lá. E ainda deve estar.

Resta a procura.

domingo, 28 de novembro de 2010

...

E num piscar de olhos que não se abririam tão cedo éramos todos crianças de novo, bem no meio de uma viagem escolar.

Dos professores não sei... talvez uma cervejinha no bar da esquina... talvez os figurantes desses papéis tenham faltado.

Entre ônibus, fotos e paisagens, uma comprinha aqui, um brinde alí, os meninos faziam barulho e as meninas tinham chiliques. Numa dessas, uma resposta atravessada me fez virar e sair. Nem sei qual.

Uma noite em claro depois corre a mocinha ao encontro do amado, bem no meio do fliperama. Este abre o sorriso e os braços e os dois se encontram.

E ela, preocupada: te magoei? desculpa!
E ele, já respirando: te ofendi? perdoa!

E então do fliperama pruma loja de roupas, e dalí pra farmácias e a vida seguindo. As pessoas passando e conversando conosco como se não percebessem, mas nada do abraço acabar.

Mais uma fofoquinha. Mais um sorvete. Mais um passeio. A gente fazendo tudo junto e a gente toda fingindo que não reparava.

E o abraço ainda.

Ok, Paulinho. Dessa vez até eu concordo.
"Chama o bombeiro que grudou!"

terça-feira, 23 de novembro de 2010

...

Eu queimo de saudades e desejos que nem de longe sonha o meu amor.
De beijo em beijo me consumo toda, menina-faísca-na-palha
E sabe-se lá que mistério é esse que queimo e não gasto
não me desfaço jamais
menina-fênix renascendo sempre das cinzas
do sono
menina-antes-da-fênix que renasce das chamas sem nunca ter caido em cinzas.
menina-felina que se alimenta do deleite do outro...
menina-criança-do-brejo que se alimenta da luz dos seus olhos
menina ficando azul...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Um...

Um coração machucado... de inverno endurecido,
Cascata de cristal aguardando a primavera.


... até que enfim.

...

é tempo de andar em nuvens
de noites longas ou curtas, sempre desmedidas
tempo de sorrisos sem razão

quase injusto só em mim caber tanta felicidade

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

pra indiara...

a pessoa que nós amamos e que não nos ama não existe: existe uma outra, com a mesma cara, a mesma voz, e que não nos conhece

terça-feira, 9 de novembro de 2010

...

Toda vida gostei de gente que não gostava de ninguém.

E como a gente sempre acha que não pode viver sem aquele que ama (por mais que ele seja um imbecil) e como a gente sempre acha que se tiver mais um tempo ele vai se apaixonar e tudo vai ficar bem, eu aprendi a fingir que também não gostava.

Não que alguém acreditasse, a começar por mim, mas eu aprendi a escolher as palavras que expressariam o prazer das companhias sem jamais expressar qualquer desejo de amanhã. Aprendi a demonstrar o deleite e nunca o amor.

Tudo mentira.

Mas aprendi e tão bem a esconder os sentimentos pra não desmoronar o sonho antes da hora, que desaprendi a mostrar.

Hoje tenho na vida alguém que diz que me quer dia e noite. Que tem saudades, que sonha comigo. Hoje parece que não importa o quanto eu diga nunca será demais.
Talvez nem o bastante...

... mas eu ainda escolho as palavras. Eu ainda tenho medo de demonstrar carinho demais e por pra correr um novo sonho.

Hoje eu acredito que ele saberá esperar que esse nó se desfaça ou saberá desatá-lo mas eu ainda respiro fundo muitas vezes antes de cada palavra. Eu ainda espero ansiosa por cada resposta e o meu peito inda se inunda de paixão e medo.

Eu não me pergunto se irei perdê-lo por isso. Eu creio mesmo que este sim saberá me cuidar.

Mas eu me pergunto se todas as pessoas que me machucaram todos esses anos tem a mínima idéia do estrago que fizeram.

...

tanta coisa me espera...
Ai! que essa chuva e essa saudade não me dão vontade de fazer nada!
Toma jeito menina!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

...

desse eu achei entre coisas escritas há muito... e resolvi publicar aqui.
Beijos a quem vier ler.

"Com olhar de fome paira sobre o doce perfume.
Ela assustada se esquiva - nem tanto -
Nem olhos nos olhos nem som sequer
Mas pele na pele dos que caminham sobre seu ar.

E aos outros surpresa e apostas:
Que cai a dama nos braços da fera
e esta em seus encantos.
E que em suaves murmurios se escondem dos ouvidos das paredes e portas.

A sós, sem véus e máscaras,
De cada gesto um espanto:
A procura de opostos se descobriram iguais.
Que toda rudeza tem sua fragilidade
e toda delicadeza sua força

Susto passado,
Se viram por dentro e a si no outro
e se viveram em um
e de dias e noites nem claros nem escuros perderam o receio do ser

E aos outros surpresas e decepções:
Não são mais os mesmos...
Não mais como antes...
Nem doçura nem dureza...
Inversos se uniram e separaram de nós!

Bobagem!
Apenas não eram e agora são.

E Ser devia ser verbo intransitivo.
Que se não há palavra que defina a inteireza de ser humano
porque nos obriga a gramática a um complemento que não podemos redigir?"

Luciana Hilst
01/02/2005

domingo, 7 de novembro de 2010

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Me chama linda linda linda...
Linda.
Mal sabe que metade dessa lindeza nasce do seu encontro.

Nem sabe que de tanto calvário cheguei a pensar a lindeza um defeito
feito carniça... só serve pra trazer urubu.

Hoje no espelho vejo lindeza de açúcar:
que atrai tudo quanto é inseto
que se estatela na vidraça
enquanto adoço a boca do meu amor.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

...

e eu que nunca fui de dar mãos... quisera hoje dedos longos de alcançá-lo.
eu que nunca suportei horas demais no mesmo abraço conto e reconto os minutos e sempre faltam alguns.

não me reconheço.
há algo errado em mim. ou certo. finalmente certo.

...

é noite de ter bons sonhos...