Comecei a me sentir incoerente... então senti necessidade de por tudo o que estava dentro pra fora, pra olhar de longe e tentar entender como funciona...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

sonhos...

Ia embora por uma viela estreita. Janelas e portas se alternavam do lado esquerdo. Nos parapeitos, flores.

Da última janela, já quase alcançada a escada que leva ao portão e à rua, faço cair um vaso de violetas.

A janela se abre em flagrante enquanto tento recompor a plantinha em seu vaso e este ao lado dos outros. Uma senhora de sorriso doce, olhar tranquilo como só os velhos conseguem, cabelos tingidos de loiro quase ruivo, batom, blusa solta florida, gorda, bonachona, uma perfeita vovó acolhe com benevolência minhas desculpas - tudo bem, filha, ela vai ficar bem.

Então as desculpas são suas, pela casa bagunçada que se mostra pela janela. E me explica com a mesma benevolência que passara uma noite de fetiches com um negro escultural e que bem tentara não derrubar tantas coisas, mas com dois metros de homem nos braços essa não era tarefa fácil.

No canto à direita, sobre o beliche, um casal mais jovem, uma filha talvez, pratica o amor matinal enquanto a avó recolhe objetos pelo chão, resquícios da noite anterior.

Me despeço. Desço os degraus da escada vertical, como se descesse pelo lado de fora de uma torre e atravesso o portãozinho enferrujado.

Acordo às 6h45: alguém bate lata na avenida.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

o forró...

Segunda feira. O relógio marca 00h36.

Preparo-me para dormir na sala, a mercê da luminosidade que eu tanto abomino, já que o forró corre solto do outro lado da avenida, bem de frente pras janelas dos quartos.

Tentei a polícia. Fui informada de que deveria entrar em contato com o PSIU em horário “de expediente”. Por hora não há ao que parece serviço público disponível para bater no balcão do boteco – que porta não tem, nem bem paredes – e explicar que a vizinhança tem de trabalhar na manhã de terça que se aproxima e que tem lá seu direito de dormir em paz. Ou seja: uma vez que os felizes (infelizes nós, que pretendíamos dormir) decidem comemorar sabe-se lá o que na segunda, lá se foi a terça. Qualquer reclamação só será apurada amanhã, em meio aos litros de café.

Não que faça muita diferença pra mim, que já tomo meu litrinho diário de café com ou sem forró e que não tenho mesmo dormido por conta das motinhos mequetrefes que passeiam pela região.

Ainda assim cabe dizer: mesmo que o poder público não garanta e o bar não colabore, silêncio existe. Só que custa caro. Hoje chegaram os primeiros orçamentos anti-ruído. Pequenas fortunas. Dava até pra comprar uma “mega-TV” como a da antiga inquilina, só que, entre som de cinema e bem pouco som, fico com a segunda opção.

Bons sonhos a todos os que tiverem essa chance por hoje
Bjo e até breve.

PS. 00h53. O forró continua...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

...

de tudo o que me compõe a maior parte talvez seja urgência:
só existe agora.
e toda espera é um suplício.

...

em paz?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!

A primeira noite

de costas para a bagunça ouço música, leio crônicas e bebo chocolate quente.

a luz da cozinha acende quando bem entende, são 23h39 e eu não farei mais nada hoje - juro.

há muito tempo pela frente.

06/09/2009

...

chega tarde me abraça longamente e se despede

e me abandona perdida em devaneios que nem o trabalho intenso, nem o cansaço de dias, nem o palco desfazem.

nem mesmo a avenida todas as noites na minha janela.