Comecei a me sentir incoerente... então senti necessidade de por tudo o que estava dentro pra fora, pra olhar de longe e tentar entender como funciona...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

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Passamos com o carro por um portão. Éramos 4 ou 5 e eu estava ora no banco do passageiro na frente, ora no de trás. O lugar, por si, era assusador. Um assustador do tipo favela, com coisas quebradas pelos cantos e pessoas olhando feio, muito feio, pra nós, estranhos que passavam desavisados.

Vimos um carro todo queimado e o motorista cismou que eu deveria chamar 190. "Por quê?" Porque poderia ter alguém preso nas ferragens que não dava pra ver. Ligo. Em linha cruzada, ao ser atendida ouço a voz do meu vizinho de baixo, solicitando ajuda do 190 porque pessoas do lugar onde eu estava naquele momento tinha matado alguém no lugar onde eu moro e aquilo já tinha virado uma guerra.

Aviso os colegas do carro: "Bora dar o fora daqui". Passamos por um posto de gasolina onde haviam pessoas armadas numa blitz genérica organizada pelos locais. Filhos de santo caracterizados pra gira amarrados em uma das bombas. Bailarinas amontoadas num carro na lateral. Alguém me chama, se irrita porque eu a olhei. Eu agradeço e  recuso, bem cortez. Passamos ilesos.

Seguimos por uma estrada ladeada por grades. A saída? Não sei ainda. Uma das pessoas no carro defende que devemos matar alguém pra impor respeito. Que o motorista devia atropelar uma criança, ou algo assim. "Hein? Você ficou maluco? Você entende o que está pedindo? Você está pedindo pra ele MATAR ALGUÉM! Você não pode simplesmente virar pro cara e pedir uma coisa dessas." Ele se defende, que só assim sairíamos vivos. E eu, que aí sim é que não sairíamos vivos.

O carro para. O que foi? Há uma jovem senhora, no auge dos seus muitos kilos, sensualizando na frente do carro. O motorista não sabe o que fazer. Aí sou eu que oriento: "Avance devagar. Bem devagar, pra não machucá-la, e ela vai sair. Veja, a saída está ali". E estava. Uns dez metros à frente uma abertura na grade que acompanhava a estrada dava acesso a uma via de trânsito rápido, onde os carros passavam despreocupados. Ele avançou, ela deixou passar. Na saida um grupo fez o mesmo papel: algo como uma encenação das bacantes entre nós e a fuga.

Acordei.

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