Comecei a me sentir incoerente... então senti necessidade de por tudo o que estava dentro pra fora, pra olhar de longe e tentar entender como funciona...

quinta-feira, 22 de março de 2012

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Inclusão não é tratar o diferente como igual.
Inclusão é aceitar que todos são (e tem o direito de serem) diferentes.
É colocar no mesmo patamar o deficiente físico, o intelectual, o superdotado, o que tem dificuldade de atenção, o que presta tanta atenção que nem ouve quando falam com ele, o que só gosta de desenhar, o que só para pra fazer qualquer coisa depois de correr muito, o que não tem pai, o que não tem mãe, o que não tem vó, o que não tem tio, o que tem uma família exemplar, o que só quer saber de história em quadrinhos, o que só pensa em ciências, o que só pensa no sexo oposto, o que só pensa no próprio sexo, o que não pode ver um gatinho que quer levar pra casa, o que não gosta de gatos, o que se recusa a tomar leite, o que passa o dia na TV, o que não gosta de TV, ou de chocolate, ou de futebol.
Inclusão não é colocar todos na caixinha da grade escolar. É dar espaço e criar estrutura pra que cada um expresse a sua diferença, descubra suas qualidades e as explore, descubra seus defeitos, os aceite e encontre meios de lidar com eles.
Inclusão é entender que a normalidade não existe. Que não há padrão. Há o indivíduo, a biologia e a cultura. E que se a gente tem a ilusão de que quase todo mundo tem muitas coisas em comum e só alguns destoam é porque quase todo mundo se esforça bastante pra esconder o seu melhor e o seu pior. O mundo é como uma colcha cinza de minúsculos retalhos, onde nenhum retalho é cinza. Tem que olhar de pertinho pra ver as cores.

(agora, como a gente faz isso com 30 crianças por vez... se alguém souber me conta.)

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